sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Kodak quebra, mas deixa legado do bem

George Eastman tratou os dentes de todas as crianças de Rochester e criou um mar de trabalhadores qualificados agora contratados por outras indústrias

Peter Applebome, The New York Times | 20/01/2012 05:49

A generosidade aparentemente interminável que permitiu que o fundador da empresa Kodak, George Eastman, oferecesse atendimento odontológico com pouco ou nenhum custo para cada criança da cidade de Rochester (EUA) parece ter chegado a um triste fim.

Após o anúncio de concordata da empresa, as pessoas da região estão tendo que considerar algo tão inimaginável quanto Nova Orleans sem o Bairro Francês ou Nova York sem os Yankees – Rochester, após a queda da empresa fundada por Eastman em 1880.

Este parece o fim de uma queda constante que assolou a empresa ao longo das últimas décadas, durante as quais o número de empregos da Kodak em Rochester despencou de 62.000 em 1980 para menos de 7.000 atualmente. Ainda assim, para esta cidade próxima a Nova York, o panorama que emerge, como uma fotografia que toma vida em um quarto escuro, não é um simples conto de uma cidade em decadência que fez parte do “rust belt” (ou cinturão da ferrugem).

Rochester tem sido líder em seu Estado na criação de novos de empregos nos últimos anos. Em 1980, o total de empregos na área metropolitana de Rochester foi de 414.400. Em 2010, foi de 503.200. Novas empresas encontraram espaço graças à força de trabalho qualificada da Kodak, um lembrete de que quando uma corporação cai, ela não deixa para trás apenas cicatrizes mas também aprendizados para futuras empreitadas.

"A queda da Kodak é extremamente dolorosa", disse Joel Seligman, presidente da Universidade de Rochester, que com seus dois hospitais é a maior geradora de empregos da cidade, com 20.000 vagas. "Mas se você voltar seu olhar para as últimas duas ou três décadas irá perceber que houve o surgimento de uma economia muito mais diversificada baseada no conhecimento."

Em nenhum outro lugar os problemas da Kodak ressoaram mais do que em Rochester, onde o filantropismo de George Eastman e seu legado ainda permanecem vivos em inúmeras instituições, incluindo a Universidade de Rochester e a Escola de Música Eastman.

Mas os problemas de Rochester vão além da Kodak. A Xerox e a Bausch & Lomb também acabaram com milhares de empregos. Cerca de 25 anos atrás, as três empresas eram responsáveis por 60% da força de trabalho de Rochester. Hoje, elas empregam apenas 6%.

"Parte do meu trabalho é tentar convencer as pessoas de que já não estamos no mesmo lugar em que estivemos", disse o prefeito Thomas S. Richards.

A cidade em si é que está pagando o maior preço, pois a população caiu de 332.000 em 1950 para 210 mil hoje, e vastas extensões ao norte do centro são hoje apenas terrenos abandonados e decadentes. E embora o crescimento de empregos tenha sido forte, os salários que estavam acima da média nacional no auge da Kodak hoje estão bem abaixo dela, refletindo a diminuição de empregos bem remunerados nas fábricas.

Mas, para além do núcleo urbano, em novos prédios de escritórios e nos laboratórios de pesquisa da Universidade de Rochester e do Instituto de Rochester de Tecnologia, assim como os centros médicos locais, Rochester continua bastante robusta, em grande parte devido ao legado da Kodak e de outras grandes gigantes industriais.

O fato da Kodak ter decaido ao longo das últimas décadas, ao invés de sofrer um colapso repentino, permitiu que as pessoas tivessem tempo para explorar outras opções tanto dentro da empresa quanto fora dela - como desenvolver habilidades em tecnologia de exames digitais - ou para começar seu próprio negócio.

Além disso, a Kodak deixou para trás uma infraestrutura industrial que nunca poderá ser replicada - são 485 hectares que já chegaram a empregar mais de 30.000 pessoas e que estão sendo reaproveitados como o complexo comercial Eastman Business Park, onde metade dos 6.200 funcionários continuam trabalhando para a Kodak e a outra metade da força de trabalho é das 35 outras empresas localizadas no local.

Muitas dessas companhias foram idealizadas a partir do trabalho da Kodak, como a Ortho Clinical Diagnostics, que agora faz parte da Johnson & Johnson e produz analisadores de sangue para consultórios médicos e hospitais; a Carestream Health, que fabrica equipamentos convencionais e máquinas de raios-X digital, e a ITT, que fabrica visores óticos para fins militares e governamentais.

Michael Alt, diretor do complexo, disse que a instalação tinha um enorme potencial apesar dos problemas da Kodak.

"Talvez quando a areia movediça chega até o pescoço chegou a hora de tentar sair dela, mas este ainda não é o caso", disse ele.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Famílias gastam mais que o governo com saúde, indica IBGE

18/01/2012 - 10h46
Thais Leitão
Da Agência Brasil, no Rio de Janeiro

Embora os gastos do governo com bens e serviços de saúde tenham aumentado num ritmo mais intenso entre 2007 e 2009, as famílias continuam contabilizando despesas mais elevadas nesse setor. Entre os dois anos, as famílias brasileiras responderam, em média, por mais da metade (56,3%) desses gastos, o que representou cerca de 4,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em todo o período. Já os gastos da administração pública aumentaram sua participação no PIB de 3,5% para 3,8% entre os dois anos.

Os dados fazem parte da pesquisa Conta Satélite de Saúde, divulgada nesta quarta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento traz informações sobre a produção, o consumo e o comércio exterior de bens e serviços relacionados à saúde, além de dados relacionados ao trabalho e à renda nas atividades que geram esses produtos.

De acordo com o estudo, as famílias gastaram, em 2009, R$ 157,1 bilhões em bens e serviços de saúde, enquanto a administração pública desembolsou R$ 123,6 bilhões com o mesmo setor. Já as instituições sem fins lucrativos a serviço das famílias gastaram R$ 2,9 bilhões (0,1% do PIB).

Dessa forma, o consumo de bens e serviços de saúde naquele ano representou 8,8% do PIB total do país, alcançando R$ 283,6 bilhões.

Em 2009, as principais despesas de consumo final das famílias foram com outros serviços relacionados com atenção à saúde, como consultas médicas e odontológicas, exames laboratoriais (36,3% do total) e com medicamentos para uso humano (35,8%).

No caso da administração pública, 66,4% do total foi gasto com saúde pública. As despesas em unidades privadas contratadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) responderam por 10,8% e os medicamentos para distribuição gratuita representaram 5,1% dos gastos.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Microsoft investe R$ 18 milhões em centro de tecnologia em SP

Laboratório busca estimular a criação de startups brasileiras no mercado de tecnologia

Augusto Garcia, iG São Paulo | 17/01/2012 14:10

A Microsoft inaugurou nesta terça-feira (17) o primeiro centro de tecnologia da empresa no País. De acordo com Michel Levy, presidente da Microsoft no Brasil, o Microsoft Technology Center (MTC), presente em 17 países, estimulará a criação de startups brasileiras qualificadas no mercado de tecnologia. Com investimento de US$ 10 milhões, o centro de tecnologia conta com a colaboração de 15 parceiros, entre eles HP, AMD, Intel, Dell e Nokia.

O MTC, localizado em São Paulo, é o segundo e maior centro de tecnologia da América Latina. O primeiro centro foi inaugurado no México no ano passado. O centro possui 1.300 metros quadrados de salas interativas, cenários customizados às necessidades das empresas e laboratórios para desenvolvimento de soluções. O MTC também conta com uma equipe de oito arquitetos da informação para auxiliar no desenvolvimento de soluções.

Além das salas e cenários, o MTC abriga o recém-inaugurado datacenter da Microsoft no Brasil, com 700 terabytes para armazenamento de dados.

Essa é mais uma investida da Microsoft no Brasil. Recentemente a empresa inaugurou, em parceria do Ministério da Ciência e Tecnologia, a primeira fábrica do videogame Xbox para estimular a indústria nacional de games.

No evento ocorrido nesta terça-feira, Microsoft e Ministério de Ciência, Tencnologia e Inovação assinaram um protocolo de intenções para fomentar a inovação da tecnologia no Brasil. Seis cidades - confirmadas somente São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife - receberão incubadoras para que startups acelerem seus negócios. A Microsoft já possui um programa semelhante, o BizSpark, que atende a mais de duas mil startups nacionais.

Software traduz voz para linguagem de sinais

Uma das intenções da Microsoft é aproximar o centro das universidades. Uma das inovações, já presente no MTC, é o software Pro Deaf, que permite traduzir voz e textos em linguagem de sinais (LIBRAS). O aplicativo foi desenvolvido para que portadores de deficiência se comuniquem com mais facilidade.

A Pro Deaf, startup que desenvolve o software, foi segunda colocada na Imagine Cup, evento de inovação da Microsoft.