sábado, 3 de março de 2012

Empresa de Piracicaba que cria vespas está entre as mais inovadoras do mundo


Montagem com a microvespa e os sócios Diogo Carvalho e Marcelo Poletti, da Bug

Piero Locatelli
Do UOL, em Piracicaba
02/03/2012 - 07h00

Criar vespas em larga escala. Esse é o negócio da Bug Agentes Biológicos, a brasileira melhor colocada no ranking das 50 empresas mais inovadoras do mundo, segundo listagem anual da revista norte-americana "Fast Company". O empreendimento sediado em uma estrada em Piracicaba, a 160 km de São Paulo, ficou com o 33º lugar na relação, ao lado das famosas empresas sediadas no Vale do Silício, como Apple, IBM e Facebook. E está à frente de gigantes como Petrobras, Embraer e Grupo EBX, do empresário Eike Batista.

Os insetos criados pela Bug têm a função de substituir o agrotóxico no combate de pragas destruidoras de lavouras. O chamado controle biológico é uma técnica que já existia em pequena escala há décadas. O trabalho da Bug foi aprimorar essa tecnologia para que pudesse ser aplicada em grandes plantações.

As vespas microscópicas do gênero Trichogramma são o carro-chefe da empresa. Elas são criadas na empresa e enviadas dentro de cápsulas de papelão às plantações, onde devem chegar em menos de 7 dias. No campo, elas se desenvolvem e impedem o crescimento das larvas nocivas à agricultura.

“A empresa leva os inimigos naturais de volta à plantação para reestabelecer o equilíbrio”, diz Heraldo Negri, diretor de produção. O maior uso da vespa ocorre em plantações de cana-de-açúcar, mas ela pode impedir o crescimento de pragas de 28 culturas diferentes.

Ao contrário do agrotóxico convencional, a vespa não deixa a praga mais resistente e só requer uma aplicação por safra. Outra diferença é que ela impede o desenvolvimento da praga ainda no ovo, zerando os danos à plantação.

A solução ainda é oferecida a um valor significativamente mais baixo em relação ao controle químico. Segundo a Bug, a técnica reduz de 30% a 40% o gasto original em agrotóxicos. Hoje, a empresa estima produzir cerca de 300 milhões de vespas por dia.

Em comum com o Google e o Facebook, além de ser companheira de ranking, a Bug tem o fato de ter nascido dentro da universidade. Dos quatro sócios da empresa, três estudaram e um trabalhou no campus da USP (Universidade de São Paulo) de Piracicaba.

Diogo Carvalho, sócio-fundador da empresa e diretor comercial, começou a estudar o controle biológico de pragas ainda na graduação. Depois, fez mestrado na área e conseguiu o dinheiro para montar sua empresa com a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Ele captou R$ 75 mil reais com a fundação, que até hoje já cedeu R$ 1,2 milhão à Bug.

Os produtos de sucesso da Bug foram criados a partir das pesquisas de pequena escala em laboratórios na universidade. “A gente tirou uma tecnologia que existia dentro da universidade, que já era de multiplicação da vespa, e transformou isso num produto comercial. Essa é a nossa grande inovação”, diz Carvalho.

A Bug mantém a ligação com a universidade desde a sua criação, em 2002. A empresa também mantém contato com redes de pesquisa na França e em outros países da América Latina. Além disso, 12 dos cerca de 70 funcionários da empresa se dedicam à pesquisa.

Hoje o setor de pesquisa e desenvolvimento da empresa tem dois focos. Um é a melhoria constante nos produtos já desenvolvidos. O outro é a tentativa de transformar experimentos de combate a pragas já feitos em laboratório em produtos de larga escala comercialmente viáveis.

A Bug tem previsão de aumentar seu faturamento em 10 vezes nos próximos 5 anos. Ela busca ampliar o mercado para inseticidas biológicos no Brasil e estima que o setor possa abocanhar uma fatia de 10% do setor de agrotóxicos, que atualmente movimenta R$ 8 bilhões por ano.

A empresa também quer oferecer pacotes completos para lavouras. Os inseticidas biológicos agem em pragas específicas e por isso são usados de forma conjunta com outros agentes de controle. A ideia da empresa é vender o pacote completo para o agricultor, sem que ele tenha de recorrer a outras empresas. Dessa forma, os sócios acreditam que será possível atuar em culturas como a soja e o tabaco.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Páscoa deve ampliar vendas de supermercados em 10% neste ano

Aumento do poder de compra dos consumidores, especialmente a classe C, impulsiona vendas de chocolates e peixes

iG São Paulo | 01/03/2012 16:17

Os supermercados de São Paulo esperam vender 10% a mais nesta Páscoa, em comparação ao volume de vendas registrado no ano passado. Segundo a Apas, associação que representa o setor, o aumento do poder de compra dos consumidores, especialmente da classe C, é um dos fatores que deve seguir motivando o aumento das vendas.

O destaque fica com chocolates – o Brasil é o quarto maior produtor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra. A proximidade da Páscoa, que neste ano ocorre em 8 de abril, já está se refletindo nos preços de chocolates, segundo levantamento da Apas. Depois de acumular queda de 4,2% nos últimos 12 meses, o preço do chocolate já registra alta de 0,6% em janeiro. A expectativa é de que os preços fiquem, em média, 9% mais caros que em 2011.

“A chegada da Páscoa pressiona os preços, e assim, a elevação é esperada para os próximos meses”, diz em nota Martinho Paiva Moreira, diretor de economia da Apas. Segundo ele, o aumento deve ser motivado pelo reajuste de preços dos insumos para a produção de ovos de Páscoa, como o açúcar, energia elétrica e mão de obra.

O consumo de chocolate no Brasil tem crescido entre 10% a 15% nos últimos anos, informa a Apas. Atualmente, o brasileiro consome em média 2,2 quilos de chocolate por ano, ainda abaixo do nível de consumo em países europeus, que chega a seis quilos.

Na Cacau Show, rede de chocolates finos, a expectativa é vender R$ 400 milhões nesta Páscoa, 28,7% mais que o registrado no mesmo período do ano passado. A empresa está preparando para este ano 4,2 mil toneladas de chocolates, em formato de ovos, coelhinhos, bombons e barras.

Além dos chocolates, a Apas afirma que os pescados em geral também impulsionam as vendas dos supermercados paulistas nesta Páscoa, com destaque para bacalhau, sardinha e pescada branca. Vinhos e azeites também registram aumento das vendas nesta época do ano.

O mês da Páscoa é o segundo melhor para os supermercados, atrás somente de dezembro, quando se registra o maior volume de vendas do setor. Segundo a Apas, a Páscoa responde, em média, entre 7% e 9% do faturamento anual dos supermercados.

Segundo a Apas, o aumento das vendas na época da Páscoa também deve contribuir para ampliar os postos de trabalho. Entre janeiro e abril, a alta no número de funcionários pode chegar a 1% do total no setor supermercadista no estado de São Paulo.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Dívida pública recua 3,5% em janeiro, para R$ 1,8 trilhão, diz Tesouro

Alto volume de vencimentos, de R$ 117 bilhões, baixou dívida em janeiro. Tesouro emitiu mais R$ 10 bilhões em janeiro para capitalizar o BNDES.

27/02/2012 14h43 - Atualizado em 27/02/2012 15h10 - Alexandro Martello - Do G1, em Brasília

A dívida pública federal, o que inclui os endividamentos interno e externo, recuou 3,5% em janeiro deste ano, para R$ 1,8 trilhão, segundo informações divulgadas nesta segunda-feira (27) pela Secretaria do Tesouro Nacional. Em dezembro, a dívida somava R$ 1,86 trilhão.

O alto volume de vencimentos registrado em janeiro deste ano, no valor de R$ 117 bilhões, sendo R$ 107 bilhões em papéis prefixados (que têm a correção determinada no momento do leilão), foi o principal fator que contribuiu para a queda da dívida no primeiro mês deste ano, de acordo com números oficiais.

Por outro lado, contribuíram para o aumento da dívida pública no mês passado as emissões de títulos públicos, que somaram R$ 41 bilhões em janeiro, dos quais R$ 10 bilhões para capitalizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além disso, as despesas com juros da dívida pública, que totalizaram R$ 15,87 bilhões no mês passado, também elevaram a dívida em igual proporção.

Dívidas interna e externa.

No caso da dívida interna, segundo informou o Tesouro Nacional, foi registrado uma queda de 3,29% em janeiro deste ano, para R$ 1,72 trilhão. Em dezembro de 2011, a dívida interna estava em R$ 1,78 trilhão. Neste caso, a queda foi de R$ 59 bilhões.

Já a dívida externa brasileira, resultado da emissão de bônus soberanos no mercado internacional e de contratos firmados no passado, o governo contabilizou a redução de 7,8% no mês passado, para R$ 76,8 bilhões. No fim de 2011, o estoque da dívida externa estava em R$ 83,3 bilhões. A dívida externa recuou R$ 6,5 bilhões em janeiro.

Perfil da dívida

Com o forte vencimento de títulos prefixados em janeiro, recuou a participação deste tipo de papel no total da dívida. Os números, calculados após a contabilização dos contratos de "swap cambial", mostram que o estoque de títulos prefixados somou R$ 606 bilhões em janeiro, ou 35,17% do total, contra R$ 682 bilhões, ou 38,2% do total, em dezembro do ano passado.

Os títulos atrelados aos juros básicos da economia (os pós-fixados), por sua vez, tiveram sua participação elevada em janeiro. No fim do mês passado, representavam 33,18% do estoque total da dívida interna, ou R$ 572 bilhões, contra 31,7% do total (R$ 565 bilhões) em dezembro do ano passado.

A parcela da dívida atrelada aos índices de preços (inflação) somou 31,25% em janeiro deste ano, ou R$ 538,8 bilhões, contra 29,6% do total no fim de 2011, o equivalente a R$ 527,7 bilhões. Os ativos indexados à variação da taxa de câmbio, por sua vez, somaram 0,4% do total em janeiro (R$ 6,92 bilhões), mesmo percentual de dezembro do ano passado.